Inaugurado há quatro meses Serviço de Radioterapia do Hospital de Câncer de Catanduva já atendeu 61 pacientes

Publicado em 15/01/2020 as 18h

O Serviço de Radioterapia do Hospital de Câncer de Catanduva inaugurado em 14/08/2019 realizou até dezembro último 1.220 sessões de radioterapia em 61 pacientes de toda a região. O centro faz parte das entidades da Fundação Padre Albino (FPA) e está programado e preparado para atender uma população estimada em 320 mil pessoas de 19 municípios da microrregião, entre eles Fernando Prestes.

 

O novíssimo e moderno prédio que abriga a radioterapia está localizado no amplo complexo do Hospital Escola “Emilio Carlos”. Com uma área construída de 1.300 m2  dentro dos mais rigorosos padrões e protocolos atendendo a demanda em oncologia nas áreas: cirúrgica, quimioterapia, hormonioterapia, radioterapia e radiocirúrgia.

 

Todo o atendimento do HC Catanduva está sendo feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e convênios entre eles o Padre Albino Saúde. Segundo Benedito Rodrigues administrador do novo hospital o atendimento a pacientes com câncer oriundos do SUS segue um protocolo padrão vigente em todo o Brasil, que deve partir das Unidades Básicas de Saúde de referência nos municípios. Após o paciente ser diagnosticado portador de câncer através de exames específicos ele é inserido na Rede Hebe Camargo, um sistema unificado em atendimento aos portadores de doenças oncológicas no Estado de São Paulo. Na sequencia é encaminhado a uma unidade de tratamento de câncer mais próximo de sua residência.

 

Perto de casa

Os moradores de Fernando Prestes, até a inauguração do HC Catanduva eram atendidos  em Barretos no hospital da Fundação Pio XII ou então encaminhados a unidades em São José do Rio Preto. Com a inauguração da radioterapia, o Serviço de Oncologia da Fundação Padre Albino tem condições plenas de prestar atendimento terapêutico e diagnóstico na área para a quase totalidade (95%) dos casos, faltando somente transplante de medula óssea e implantes radioativos.

 

Durante visita ao hospital a reportagem conversou com dois pacientes de Fernando Prestes. Um deles, Valdomiro Nunes que fez todo o tratamento radioterápico em Catanduva no centro recém inaugurado. “Aqui fica bem mais perto de casa e não temos a necessidade de acomodações. A gente vem e volta todos os dias ficando bem confortável” disse Tereza Nunes que acompanhou o pai aldomiro durante o tratamento.

 

Aparecida de Fatima Dias é outra paciente de Fernando Prestes acometida pelo câncer, que está em tratamento no hospital e será submetida às sessões de radioterapia em Catanduva. Acompanhada pela filha Ângela conta que descobriu por acaso a doença em meados de dezembro de 2019 e após alguns procedimentos preliminares está internada e já está na fase  de radioterapia. “Espero melhorar e poder voltar para a minha casa” disse Aparecida.

 

Dr. Neris Rodrigues, radio-oncologista atua no Hospital de Câncer de Catanduva e acompanha os pacientes por ocasião das sessões de radioterapia disse que, os casos mais atendidos são tumores relacionados ao câncer de mama nas mulheres e próstata nos homens. Perguntado sobre a existência de cânceres mais letais, ele afirmou que tudo está relacionado com a descoberta precoce e a prevenção, principalmente nas pessoas com maior predisposição genética e ambiental, como o tabagismo, alcoolismo, dieta desregrada, exposição ao sol etc..  “Mas o câncer de pele melanoma, precisa ser detectado com a maior brevidade possível, pois é muito agressivo e a não detecção e tratamento tardio facilitam o desenvolvimento de metástase para outros órgãos” concluiu Dr. Neris.

 

A conquista

Antes de abordar o Serviço de Radioterapia e o Hospital de Câncer de Catanduva como conquista é imprescindível resumir toda a “saga” que teve início com a chegada de padre Albino Alves da Cunha  assumindo a Paróquia de São Domingos em 1919.

 

No seu segundo ano em Catanduva, Padre Albino iniciou as obras da Igreja Matriz. Em 1926 inaugurou a Santa Casa de Misericórdia, hoje Hospital Padre Albino. Os trabalhos e dificuldades com que construíra a Matriz diminuíram consideravelmente, pois o povo já conhecia e amava intensamente o seu vigário. Todos confiavam nele, convictos de sua honestidade e capacidade. Nesta obra ele já contava com a ajuda das pessoas abastadas da cidade. O hospital cresceu com a construção do prédio da Maternidade. No início da década de 50 inaugura o pavilhão infantil. Em 1976, no cinquentenário do hospital, inaugurou o bloco vertical de seis andares.

Ligado à sua preocupação com a assistência aos idosos, o Lar dos Velhos foi a segunda obra de Padre Albino em Catanduva, inaugurado em 29 de junho de 1929. Em 1969 vem o ciclo das escolas, a partir da Faculdade de Medicina, ideia e sonho de Padre Albino para dar destino ao hospital após a sua morte, sua grande preocupação. Para isso, porém, a primeira medida a ser tomada era a da transformação da Associação Beneficente de Catanduva em Fundação para se organizar a Mantenedora das faculdades. Após o cumprimento de toda a burocracia, aos 29 de março de 1968, com sua primeira reunião, nascia a Fundação Padre Albino. A seguir vieram o Colégio Comercial Catanduva (1971), a Faculdade de Administração de Empresas (1972) e a Faculdade de Educação Física (1973). Além destas, Padre Albino foi responsável pela criação da Casa da Criança "Sinharinha Netto", Vila São Vicente de Paulo, Lar Ortega-Josué, Ginásio Dom Lafayette, Seminário "César De Bus" e Santuário Nossa Senhora Aparecida.

 

O Hospital de Tuberculosos (atual Hospital  Emílio Carlos), foi iniciado em 1950 quando era Governador do Estado o Adhemar de Barros (1947-1951) e  concluído no Governo de Carvalho Pinto (1959-1964), quando era prefeito o Antonio Stocco. Ele foi edificado pela firma Walter Dias Ltda., a um custo de 300 milhões de cruzeiros, possuía 672 leitos e área construída de 32.000 m2 dentro de um terreno de 15 alqueires. Junto com Catanduva foram construídos hospitais idênticos em Araraquara, Lins e Botucatu, dentro da proposta da CNTC (Campanha Nacional Contra a Tuberculose), cujo objetivo era evitar a disseminação da doença, isolando os doentes em hospitais, para tratá-los com medicamentos específicos que demandavam longos períodos de internação. 

 

Inaugurado na década de 60, o hospital era exclusivo para o atendimento de tuberculose. A doença passou a ser tratada ambulatorialmente e o número de pacientes que necessitava de internação diminuiu ao ponto da unidade hospitalar encerrar suas atividades.

O hospital foi reativado em 1983 para atendimento ambulatorial em diferentes especialidades e passou a ser administrado pela Fundação Padre Albino.

 

“Vamos tratar nossos pacientes aqui em Catanduva”

Renato Centurion Stuchi, conselheiro da administração da Fundação Padre Albino, em entrevista conta que foi uma luta árdua e muitas idas e vindas a São Paulo em companhia de José Carlos Rodrigues Amarante durante a implantação do Serviço de Radioterapia do Hospital de Câncer de Catanduva. Visivelmente emocionado Stuchi contou seu contato com a doença durante tratamento de sua esposa em Barretos e São José do Rio Preto. “Após sessões de radioterapia as pessoas ficam frágeis, totalmente indispostas e ainda tem todo o trajeto da viagem ou então ficar nas casas de apoio” disse o conselheiro. 

 

Em 2012, durante uma reunião do Conselho Diretor da Fundação Padre Albino foi sugerido que a entidade buscasse recursos financeiros para que fosse implantado em Catanduva, um Serviço de Radioterapia, para assim fechar o ciclo no tratamento do câncer. A ideia foi aceita pelos diretores e com apoio da comunidade de também de outras entidades e doadores, inclusive anônimos, o sonho se tornou uma realidade.

 

O desafio da FPA foi grandioso. O valor total do projeto foi de R$ 14.000.000,00 (catorze milhões de reais), sendo que R$ 5.227.548,47, obtidos através de convênio com o governo estadual que foram aplicados na construção do prédio que abriga o Serviço de Radioterapia. Para aquisição do Acelerador Linear de Radioterapia, marca Varian, foi celebrado convênio com o Governo Federal no valor de R$ 2.142.990,00.

Para finalizar o projeto e entregá-lo para utilização dos pacientes através do SUS, a Fundação Padre Albino precisou ainda de R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais) para aquisição de acessórios para o equipamento, instalação de ar condicionado, mobiliário, entre outros, que foi conseguido através de doações e campanhas.

 

Segundo Benedito Rodrigues, apesar de haver repasses pelo SUS à Fundação Padre Albino, a quantia não é suficiente e a entidade está bancando o déficit e, portanto toda forma de colaboração é bem vinda, seja em forma de doação ou campanhas. O Hospital de Câncer de Catanduva disponibiliza vários canais para doações ou informações sobre colaborações:

Fones: 0800 2004 222 (17) 3311-3365

Site: http://hospitaldecancercatanduva.com.br/doe-agora

 

Fontes de consulta de apoio:

http://www.catanduvacidadefeitico.com.br/site/exibemateria.php?noticia_id=1242

http://hospitaldecancercatanduva.com.br/radioterapia/a-obra

http://www.webfipa.net/hec/historia

http://fundacaopadrealbino.saude.ws/100anos/padre-albino/historia