Museus de Monte Alto atraem milhares de visitas estudantis

Publicado em 31/10/2019 as 18h40

O cenário remete o visitante a uma época muito distante na linha do tempo do planeta Terra. Com replicas de dinossauros que viveram nesta região há milhões de anos deixa o ambiente do complexo dos museus de Monte Alto com aquela sensação de filmes de Steven Spielberg.

 

Em 29/10 os museus foram visitados por 45 alunos do 5º ano do Colégio Progresso de Araraquara-SP. Estavam acompanhados pela professora e coordenadora Ana Cristina Zanotto de Barros e mais quatro monitoras, que acompanharam os meninos e meninas por todo o itinerário. A reportagem deste jornal acompanhou a visita.

 

Os alunos são recepcionados por monitoras e antes do passeio ao passado participam de uma breve palestra sobre o que verão, dicas e normas de visitação. Na sequencia “viajam” do presente (nem tão recente) através do Museu Histórico Cultural denominado “Dr. Fernando José Freire de Andrade”, também fundado em 1992, é o espaço responsável por guardar a biografia oficial do município, abrigando peças doadas pelos munícipes. Seu acervo conta com peças antigas como livros, jornais, fotos, discos de vinil, máquinas fotográficas, mobiliários, obras de arte, vestuários, entre muitos outros itens ligados a personalidades da cidade e itens que documentam a construção da história de Monte Alto, como partes do trilho do trem e elementos usados na indústria em décadas passadas.

 

Os museus de Paleontologia, Arqueologia e Histórico e Cultural de Monte Alto recebem em média a visita de 5.000 estudantes e outros visitantes todos os meses. A afirmação é de Sandra Tavares paleontóloga coordenadora dos museus. Atualmente, o complexo de Museus de Monte Alto recebe visitantes de diversas regiões do país, especialmente de Ribeirão Preto, São Carlos, Araraquara e São José do Rio Preto, no interior do estado de São Paulo, além de visitantes estrangeiros. Seu principal público é formado por estudantes, desde a educação infantil até a pós-graduação, com ênfase no ensino fundamental e médio. Além disso, os Museus são nacional e internacionalmente conhecido por suas pesquisas acadêmicas, de grande relevância científica, inclusive com a descoberta e descrição de fósseis inéditos na Paleontologia.

 

A próxima parada dos alunos de Araraquara foi o Museu de Arqueologia “Hypolito Barato”, fundado em 1999, teve origem em pesquisas iniciadas em Monte Alto, no ano de 1993, na região do bairro rural Água Limpa. Através do material coletado por meio do Projeto Turvo/SP, que ainda se encontra em andamento, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), intermediada pelo Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE).

 

As peças em exposição no Museu de Arqueologia provavelmente pertencem a um povo pré-colonial e colonial identificado como Kaingang, do centro-Norte do estado de São Paulo. Dentre as peças que compõem o acervo é possível verificar vasilhames como cuscuzeiros, fusos e tigelas; pedras lascadas e polidas; restos alimentares associados a fogueiras; bens simbólicos como pequenos vasos duplos (indicando as polaridades dos povos Macro-Jê) e artefatos líticos fálicos (infantis e adultos), além de restos humanos retirados de sepultamentos primários, enterrados diretamente na terra, e secundários, dentro de urnas funerária, e seus acompanhamentos funerários.

 

Este museu narra a história dos habitantes de Monte Alto e região antes da chegada dos colonizadores ao Brasil, e seus primeiros contatos durante a ocupação do território. O acervo é notável especialmente pela boa conservação dos ossos humanos, possível pela peculiaridade do solo local.

 

Museu de paleontologia

O mais esperado pela garotada é o Museu de Paleontologia “Prof. Antonio Celso de Arruda Campos”. Construído em 1992 tendo como finalidade a preservação do acervo paleontológico da região de Monte Alto, a pesquisa científica na área de Geologia e Paleontologia, a difusão da ciência no interior de São Paulo.

 

Segundo a coordenadora Sandra Tavares , o Museu de Paleontologia possui a responsabilidade de preservar, valorizar e democratizar o patrimônio científico regional, bem como o estimulo e reconhecimento permanente à produção e sistematização de novos conhecimentos. O museu é, ainda, ferramenta educacional para o desenvolvimento sociocultural regional, e atua como instrumento de transformação e inclusão social, considerando as diversidades e especificidades locais.

Além dos ossos de dinossauros estão expostos no museu fósseis de crocodilos tartarugas, moluscos bivalves que foram encontrados nas rochas de Monte Alto.

Além disso, réplicas de impressão 3D de fósseis e suas reconstruções, produzidas pelo Núcleo de Tecnologias Tridimensionais - Centro de Tecnologias da Informação Renato Archer (CTI) Campinas-SP, foram disponibilizadas para que os visitantes, especialmente os que possuem deficiência visual, possam ter um contato mais direto com a Paleontologia.

 

Nesse Museu, a forma de exposição do acervo facilita o acessibilidade dos visitantes, com livre acesso de idosos e pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Etiquetas em braile vêm, progressivamente, sendo instaladas, facilitando o acesso a deficientes visuais, e/ou medidas de acessibilidade comunicacional (de modo a diminuir barreiras na comunicação interpessoal, escrita e virtual), de forma que a jornada ao longo do museu, cada vez mais, incentive e estimule a inclusão sociocultural da população, promovendo uma verdadeira democratização do acesso ao conhecimento.

 

Os primeiros fósseis encontrados em Monte Alto, e que compõe o acervo do museu pertencem a um grande dinossauro da Família dos Titanossauros, atualmente, estão expostos para o público em um conjunto de vitrines que formam uma “ilha” no meio do salão de exposição.  Fósseis de grande destaque para o museu, de um Titanossauro, denominado Aeolosaurus maximus (espécie nova), estão exposto para o público em uma grande vitrine, representando o modo como ele foi preservado, ou seja, com partes do seu esqueleto articulado, simulando o campo de escavação.

 

Olhos brilhando e muitas fotos

Os alunos e alunas do Colégio Progresso acompanharam atentamente todo o roteiro do passeio a Monte Alto e, claro, conectados com seus celulares fotografam tudo e ouviam atentamente as explicações das monitoras do museu.

Maria Fernanda Trintin Zanoni, 10 anos, disse que gostou mais do espaço da Paleontologia com seus fosseis de dinossauros, outros bichos, plantas e as réplicas em diversos tamanhos.

O aluno Nikolas Blank, 10 anos, trouxe até uma lupa e com uma pitada do personagem Sherlock Holmes observava tudo em detalhes. “Gostei muito, principalmente da urna funerária do ‘índio’ (no Museu de Antropolgia) e do ovo de dinossauro” concluiu Nikolas.

 

Linha do tempo

Os fósseis expostos no Museu de Paleontologia são a maioria do Período Cretáceo da Era Mesozoica (entre 90 a 66 milhões de anos). No entanto há um fóssil do período Cambriano da Era Paleozoica (entre 252 a 541 milhões de anos): a trilobita – um artrópode (a barata também é um artrópode) de origem aquática.

No museu existem quatro animais que foram descobertos e catalogados pela equipe do professor Antônio Celso de Arruda Campos falecido em 2015, foi idealizador e fundador do Museu de Palentologia.

Montealtosuchus  - “Crocodilo de Monte Alto”

Alimentação: Carnívoro

Tamanho:1,20 m

Quando viveu: Período Cretáceo

 

Caipirasuchus “Crocodilo Caipira”

Alimentação: Hebívoro

Tamanho:1,20 m

Quando viveu: Período Cretáceo

 

Morrinhosuchus “Crocodilo do Morrinho”

Alimentação: Onívoro

Tamanho:70 cm

Quando viveu: Período Cretáceo

 

Barreirosuchus “Crocodilo do Barreiro”

Alimentação: Carnívoro

Tamanho: cerca de 4 metros

Quando viveu: Período Cretáceo

 

Além disso estão expostos outros fósseis:

Tartarugas que viveram junto com os dinossauros na região de Monte Alto.

Yuraramirim “Tartaruguinha”

Alimentação: Onívora

Tamanho: 20 cm

Quando viveu: Período Cretáceo

 

Roxochelys “Tartaruga de Roxo”

Alimentação: Onívora

Tamanho: cerca de 4 metros

Quando viveu: Período Cretáceo

 

Dinossauros que viveram na região de Monte Alto.

Aeolosaurus  “Lagarto dos Ventos”

Alimentação: herbívoro Tamanho:  cerca de 20 metros Quando viveu: Período Cretáceo

 

Titanossauro “Lagarto Titanico”

Alimentação: herbívoro Tamanho:  cerca de 12 metros Quando viveu: Período Cretáceo

 

O complexo de Museus de Monte Alto é composto com três museus municipais, o Museu de Paleontologia, o Museu Histórico e Cultural, e o Museu de Arqueologia, e está situado no Centro Cívico e Cultural, localizado no centro da cidade de Monte Alto, SP. Os Museus são abertos ao público gratuitamente, com exposição permanente e programas de ação educativa que incluem, além da visitação, visitas guiadas e palestras agendadas. Fone de contato (16) 3244-4060 Endereço: Rua 15 de Maio, Praça  do Centenário s/n CPE 15 910-000 Email: cultura@montealto.sp.gov.br

 

A reportagem agradece a paleontóloga Sandra Tavares e seus auxiliares: Fernanda Miranda, Eloisa Oliveira, Hellen Tavares, Cledinei Francisco, José Canalli, Miriam Machado e Marcos Marchetto, pela cordialidade e atenção na produção deste conteúdo jornalístico.