Publicado em 28/11/2019 as 21h30
Defronte a uma arborizada e aconchegante praça está situado o Lar São Vicente de Paulo, o “Lar dos velhinhos” como é chamado em Monte Alto. No jardim bem cuidado está uma placa com a data de fundação da entidade 17/09/1943, quando era conhecido por asilo.
O local abriga hoje confortavelmente 52 idosos, de Monte Alto e outras cidades da região, divididos exatamente entre 26 mulheres e 26 homens com idades que variam de 60 a 95 anos. O morador mais antigo é Alcides Camargo de 95 anos há 30 no lar. Conta que é solteiro e trabalhava nas lavouras de algodão em Monte Alto e região e ao se aposentar resolveu morar no “asilo”. “Aqui a gente é muito bem tratado e temos de tudo” disse Camargo.
A administração da entidade é feita por uma diretoria, regida por um estatuto local como uma associação, mas filiada a organização mundial Sociedade São Vicente de Paulo – SSVP. Segundo Aparecido Oliveira dos Santos, diretor que atendeu a reportagem, o lar é mantido por subvenções oficiais, tendo em vista se tratar de uma entidade filantrópica devidamente regulamentada; de parte das “aposentadorias” dos idosos prevista em lei, quando estão recebendo algum tipo de benefício previdenciário, e; por doações e eventos que realizam. “Todos os meses fechamos no ‘vermelho’ e aí uma correria da diretoria e também dos funcionários” concluiu Santos.
O quadro de funcionários do Lar São Vicente de Paulo em Monte Alto conta hoje com 32 colaboradores, desde a parte administrativa, cozinha, limpeza, cuidadores, enfermeiros, médicos, educadores físicos, assistentes sociais, terapeutas, psicólogos, fisioterapeutas, além da colaboração dos próprios idosos. Renato Hermenegildo, assistente administrativo responsável pelo local afirma que só na enfermagem há 12 profissionais entre enfermeiros e técnicos com uma demanda de 26 cadeirantes entre homens e mulheres. Outros moradores possuem necessidades especiais como é o caso de Norma Cavalari Rodrigues, com 87 anos que é cega e mesmo assim participa das atividades recreacionais.
Perguntado sobre o que mais precisavam, Hermegildo disse que as fraldas geriátricas estão no topo dos produtos mais usados, cerca de 4.000 por mês. Também usam muito, bolachas tipo “maisena” e feijão. Agora por ocasião das festas de fim de ano estão realizando a campanha do panetone. As doações podem ser feitas diretamente na sede da entidade na Rua Florindo Cestari,1384 centro Monte Alto. Fone: (16) 3242-1283.
A terapeuta ocupacional Talita lampa do Nascimento salientou que diariamente desenvolve atividades com os moradores. “Hoje estão fazendo os enfeites de Natal para decorarmos nosso lar” disse Talita. Todas as segundas e sextas-feiras alunos e professores do Conservatório de Monte Alto se apresentam aos idosos.
O sanfoneiro
Por falar em música, o morador João Pauli de 70 anos, tem em seu quarto um acordeom. Apesar de ter a esposa Ivanir Antonio Pauli também residindo no lar, não divide seu aposento com ela. Ele mora com Walter Cisotti de 82 anos que chegou ao asilo há três meses. Nas horas vagas Pauli apanha sua sanfona e toca algumas músicas aos habitantes do local.
O sistema adotado de habitação pela entidade segue algumas regras, mas os moradores podem sair do estabelecimento para passear nas imediações e comprar algumas coisas de cunho pessoal. O prédio que abriga o lar tem 2.500 metros quadrados de construção divididos entre refeitório, cozinha, lavanderia, enfermaria, administração, despensa, quatro alojamentos com seis leitos cada e banheiros duplos, 14 apartamentos que acomodam duas pessoas com banheiros e até uma capela.
A dona de casa Neusa do Nascimento de 68 anos está no lar há dois meses. Conta que é viúva faz dez anos e em comum acordo com seu único filho resolveu morar no asilo. Disse que seu filho trabalha muito em várias cidades e não tinha condições de ficar sozinha, devido a problemas com a saúde. “Sei que se ele pudesse ficaria comigo, mas temos uma condição acolhedora aqui no asilo” concluiu.
Walter Cisotti, o penúltimo morador do lar chegou há três meses. Natural de Itápolis, disse que já morou por muitas cidades do Brasil e conta que já teve várias profissões, entre elas vigilante bancário e frentista. Lembrou com saudosismo quando trabalhava em Santos-SP atuava como frentista em um posto de combustíveis que era frequentado pelo jogador de futebol Pelé. “Ele deixava seu carro para abastecermos e darmos um trato e autorizava uma volta pela praia com o veículo. Aquilo era o máximo” lembrou Cisotti. Perguntado como estava se sentido no lar respondeu de forma espontânea e de pronto: estou feliz e vamos tocando em frente.